Cicatrizes

É muito difícil encontrar uma pessoa que não tenha nenhuma cicatriz.
Em minha mão direita, tem uma pequena cicatriz de quando eu ganhei o “Lobó”, meu fila brasileiro que morreu aos sete anos. Me lembro perfeitamente como foi, era uma manhã de inverno com um sol maravilhoso, a gente brincava com um pano, e ele ; como não tinha uma coordenação exata das suas mordidas, acabou abocanhando o meu pulso com seus dentinhos pequenos e afiados. Olho pra essa marca e penso: Quem me deixou essa foi um grande amigo.
Nas costas, uma marca de uma microcirurgia de uma verruguinha inocente, mas por estar justo no rumo onde pegava o sutiã, virou um microcisto. Aquilo me incomodava bastante, e eu pedi o meu pai, que estava recém separado da minha mãe e da gente, que me levasse pra tirá-la. Tinha tanta saudade dele, que achei bom aquela verruga ter “zangado” só para tê-lo com a atenção voltada à mim. Meu dedo anular do pé direito è meio torto, porque sofreu uma mínima fratura quando eu tinha 13 anos. Estava brincando de lutar com a minha melhor amiga e chutei uma barra de cimento. Todas as vezes em que dobro os dedos e o dedinho quebrado não acompanha, me lembro daquela menina doce e divertida que foi uma amiga de todas as horas por quase 20 anos e que o destino quiz que a gente fosse morar em lugares diferentes e desse uma trégua na “farra”. Tenho também tatuada nas costas, uma lince muito linda; que eu fiz quando eu tinha muita vontade de fazer e com maturidade suficiente para que não me arrependesse nunca de tê-la feito.
Tenho algumas no coração, mas essas estão tão bem cicatrizadas, que nem me lembro mais o motivo, então não tem porquê falar delas.
Como lei natural da natureza, o tempo deixa cicatrizes, algumas nos fazem lembrar orgulhosos e nos dá a certeza de que “o que não nos mata, nos fortalece”.
E você, tem alguma cicatriz que traga alguma lembrança boa?